O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, defendeu hoje uma dupla utilização – rodoviária e ferroviária – para a nova ponte no rio Douro, projeto que o governo deverá apresentar, na próxima quarta-feira, no Porto. “Faz mais sentido para o interesse público que a nova ponte culmine numa dupla utilização”, garante.
“Vamos ver o que nos vai ser apresentado esta quarta-feira. O primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas vêm cá [ao Porto]. Vamos ver se, de facto, houver a possibilidade de construir uma ponte de dupla utilização provavelmente faz mais sentido para o interesse público”, afirmou Rui Moreira, à margem da reunião do Executivo municipal.
O Jornal de Notícias revela, na sua edição de hoje, que António Costa e Pedro Nuno Santos vão apresentar na próxima quarta-feira, na estação de Campanhã, a nova linha de alta velocidade (TGV) entre o Porto e Lisboa. “A proposta da Infraestruturas de Portugal ainda não chegou à Câmara do Porto, mas, numa reunião com o ministro Pedro Nuno Santos, o secretário de Estado e as câmaras do Porto e Gaia, fomos avisados de que estava a ser pensado um percurso diferente à solução inicialmente proposta para a ponte de alta velocidade”, observou Rui Moreira.
E acrescentou: “Do lado do Porto não há grande alteração porque vai manter-se o percurso por Campanhã. Uma ponte de dupla utilização faz mais sentido, em termos de interesse público. A população não compreenderia que fossem feitas duas estruturas autónomas”.
Esta solução encontrada pelo governo levará a que o concurso de conceção e construção da ponte rodoviária D. António Francisco dos Santos possa vir a ser cancelado e, de acordo com o autarca portuense, os concorrentes venham a ser indemnizados. O prazo para a apresentação dos projetos foi prorrogado até meados de outubro.
“Começámos a pensar que o que estávamos a fazer relativamente à ponte [D. António Francisco dos Santos] – e, de facto, está bastante avançado – tem de ser analisado em função do que possa vir a ser uma decisão sobre a ponte ferroviária, porque não faz sentido as pontes cruzarem”, referiu.
Sobre o eventual investimento, caso o governo avance para uma ponte com dupla utilização, Rui Moreira foi perentório: “Porto e Gaia não vão, com certeza, construir a ponte ferroviária”.
Oportunidade irrepetível para transformar a zona de Campanhã
Também o vereador do Urbanismo e Espaço Público se pronunciou sobre o assunto, revelando que a Infraestruturas de Portugal tem vindo a estudar alternativas para a travessia da linha de alta velocidade, “uma vez que a hipótese de construir uma ponte ‘gémea’ à ponte de S. João foi abandonada pela empresa por questões técnicas de vária ordem”. “A IP está a trabalhar numa alternativa de uma ponte nova a montante da ponte de S. João, mas mais afastada e não paralela a essa mesma ponte” garantiu Pedro Baganha.
“Uma das hipóteses que está em cima da mesa é substituir duas pontes, uma rodoviária à quota baixa e uma ferroviária à quota alta, por uma só ponte com dois tabuleiros, sendo que o tabuleiro será dedicado à alta velocidade e o inferior faria o serviço rodoviário de proximidade proposto, o que implicará sempre ganhos de eficiência”, acrescentou.
Pedro Baganha salientou, no entanto, que “não está ainda nada fechado” e que “este esforço de concertação” implicará melhores usos dos dinheiros públicos, mas também de impacto no vale do rio Douro.
Assumido está que a alta velocidade vai entrar no Município do Porto por Campanhã. “Estamos, neste momento, a trabalhar nos termos de referência para, muito provavelmente, se fazer uma plano de urbanização de toda a zona da estação de Campanhã. As cidades mudam quando é construído o comboio e esta será uma oportunidade irrepetível para o Município do Porto, e muito em particular para a sua zona oriental, de transformação do território à boleia do projeto da alta velocidade”, acrescentou Pedro Baganha.
Fonte: CM Porto | www.porto.pt