Está terminada a intervenção de reabilitação no Ateliê António Carneiro que vai permitir entregar ao Museu do Porto um novo equipamento cultural com características programáticas e técnicas. A intervenção, cujo projeto de arquitetura do Atelier 111 foi levado a cabo pela GO Porto, representa um investimento municipal na ordem dos 650 mil euros.
Construído na década de 20 do século passado, o espaço foi agora reabilitado e reformulado com o objetivo de recuperar a traça e a sua utilização de origem. Foram executados trabalhos a nível da estrutura, das superfícies e das coberturas, bem como da instalação de novas áreas, nomeadamente um espaço de receção e de bilheteira.
Os trabalhos contemplaram, ainda, a requalificação do pátio do edifício, onde foi efetuada a demolição da construção existente e reposto o pátio original.
Pai de dois conceituados artistas do século XX – o músico Cláudio Carneiro e o pintor Carlos Carneiro – António Carneiro viveu no edifício no Bonfim, que utilizava como espaço de trabalho e de exposição.
A requalificação dos dois ateliês de pintura e da galeria, enquanto espaços principais, e a dotação do equipamento cultural com caraterísticas programáticas e técnicas, vão permitir a sua reintegração no panorama cultural do Porto como Ateliê António Carneiro, inserido no Museu do Porto, que prevê a sua abertura até ao final do ano.
Uma exposição inaugural, com curadoria de Bernardo Pinto Almeida e museografia de Camilo Rebelo, tomará conta da integralidade dos espaços da singular casa-oficina do pintor, ilustrador, poeta e professor. Pretende-se que seja um momento dedicado à sensibilidade simbolista de António Carneiro, profundamente marcante na génese do modernismo em Portugal, adianta Jorge Sobrado, diretor do Museu e Bibliotecas Municipais do Porto. Terá por base a valorização das coleções municipais do pintor, assim como do seu filho, Carlos Carneiro, desenvolvendo, ainda, diálogos com outros autores portugueses como Aurélia de Souza ou Amadeo Souza Cardoso e estrangeiros, que permitirão evidenciar o carácter artístico singular e a relevância incontornável do precursor do simbolismo no contexto portuense e na cena cultural portuguesa.